Hoje, dia 6 de outubro, no Dia Mundial da Geodiversidade, celebramos a riqueza escondida sob os nossos pés: nas rochas, nas falésias, nos solos, nas cavernas e nos fósseis, as muitas histórias que a Terra nos conta. O tema deste ano, “Uma só Terra, muitas histórias”, recorda-nos que cada lugar geológico encerra memórias únicas de transformação, vida e resiliência, e que compreender essas histórias é compreender também a nossa própria existência.
No Geoparque Algarvensis, temos o privilégio de proteger e dar a conhecer 41 sítios geológicos distribuídos pelos municípios de Loulé, Silves e Albufeira, que testemunham mais de 330 milhões de anos de história da Terra. Estes locais são verdadeiros livros abertos onde se lê a formação de montanhas, a abertura de oceanos, a evolução da vida e a força dos fenómenos naturais que moldaram o território. Entre eles, seis sítios têm relevância internacional, 12 importância nacional e 23 valor regional, expressando a impressionante diversidade geológica do território: do interior montanhoso da Serra do Caldeirão, passando pelo Barrocal calcário e cársico, até à faixa litoral atlântica e submersa, onde se observa a contínua interação entre a terra e o mar.
Alguns exemplos notáveis incluem: a Jazida dos Fósseis da Penina - onde foi descoberto o Metoposaurus algarvensis, espécie única de anfíbio fóssil com 227 milhões de anos; Arrifes - arribas com rochas cretácicas verticalizadas e fósseis marinhos excecionais; Lagoa dos Salgados - registo sedimentar do tsunami de 1755, de enorme valor científico e histórico; Mina de Sal-Gema de Loulé – laboratório subterrâneo que guarda o limite Triássico-Jurássico e testemunha as grandes extinções e formações de salinas; Rocha da Pena e Nave do Barão - paisagens cársicas emblemáticas do Barrocal, com formações calcárias e dolomíticas do Jurássico; Praia da Falésia e Pedra do Valado - depósitos marinhos e paleocostas submersas que mostram as variações do nível do mar ao longo das eras; Serra do Caldeirão - testemunho do antigo Maciço Varisco, com rochas que datam do tempo da formação do supercontinente Pangeia; entre os geossítios de maior expressão morfológica destacam-se os Campos de Lapiás de Loulé, também conhecidos como Megalapiás da Varejota, formados pela dissolução das antigas rochas recifais do Jurássico. Estes modelados cársicos, com fendas, torres e agulhas calcárias, compõem uma das paisagens geológicas mais impressionantes do Algarve, servindo ainda como áreas de recarga natural do aquífero Querença–Silves, que abastece o território em água subterrânea.
Estes lugares extraordinários têm valor científico, educativo, cultural, estético e ecológico. Científico, porque permitem compreender processos geológicos e biológicos fundamentais, do Triássico ao Holocénico; Educativo, porque transformam a paisagem em sala de aula ao ar livre para escolas, universidades e visitantes. Cultural, porque a geologia moldou o modo de vida, as construções e as tradições das comunidades locais. Estético, pela beleza das paisagens que inspiram artistas, fotógrafos e visitantes. Ecológico, porque a geodiversidade é a base da biodiversidade - influenciando solos, habitats e recursos hídricos.
Neste Dia Mundial da Geodiversidade, sob o lema “Uma só Terra, muitas histórias”, convidamos todos a descobrir, aprender e proteger o património geológico do Geoparque Algarvensis, uma herança que pertence a todos e que nos liga profundamente à história viva do planeta.
Que cada pedra conte uma história, e que cada olhar desperte o desejo de compreender e cuidar da nossa Terra.
Feliz Dia Mundial da Geodiversidade!