A Estação da Biodiversidade do Pico Alto consiste num pequeno percurso pedestre linear, com cerca de 1,5 km com 8 painéis informativos dispersos ao longo do caminho. Inserido na aldeia do Pico Alto, este percurso localiza-se numa faixa de transição entre o barrocal e a serra, o que permite a coexistência de espécies caraterísticas destas duas sub-regiões.

Com o êxodo rural e o abandono da agricultura a área de floresta deu lugar aos matos calcícolas, tipicamente mediterrânicos mantendo-se ainda algumas parcelas representativas do tradicional pomar de sequeiro dominado pela alfarrobeira (Ceratonia siliqua), a amendoeira (Prunus dulcis), a figueira (Ficus carica) e a oliveira (Olea europaea).

Numa visita ao Pico Alto, entre os meses de fevereiro a junho, rendemo-nos ao encanto das flores cor-de-rosa, como as roselhas-grandes (Cistus albidus) e as marioilas (Phlomis purpurea), que alegram a paisagem e atraem insetos que se alimentam dos seus néctares e pólen. Mas se a visita ocorrer entre os meses de fevereiro a maio, então encontraremos ainda na paisagem os salpicos de cor conferidos pela diversidade de orquídeas, como a erva-vespa (Ophrys lutea), abelhão (Ophrys speculum), a erva-do-homem-enforcado (Aceras anthropophorum) ou a espécie (Cephalanthera longifolia).

A experiência sensorial será ainda complementada pelo forte cheiro das arrudas (Ruta sp.), plantas que apesar de tóxicas, servem de alimento a alguns insetos, que por sua vez adquirem a sua toxicidade e por isso exibem cores fortes de aviso a potenciais predadores. Exemplos dessa arte da natureza que podemos admirar no Pico Alto são a lagarta da borboleta cauda-de-andorinha (Papilio machaon) e o percevejo-das riscas (Graphosoma lineatum).

Para além da grande diversidade de borboletas, da qual destacamos a Borboleta Tagis (Euchloe tagis), este percurso dá-nos a possibilidade de encontrar espécies representativas dos vários grupos de fauna como por exemplo o gafanhoto-de-focinho (Acrida ungarica), o javali (Sus scrofa), a osga-turca (Hemidactylus turcicus) ou o aberalhuco (Merops apiaster).