O aspirante Geoparque Algarvensis Loulé, Silves, Albufeira, dedicou os dias 29 e 30 de Outubro à sensibilização da comunidade em geral para as alterações climáticas no âmbito do Programa Biénio para a Ação Climática nos Geoparques Portugueses 2020/23, que pretende na esfera das competências dos Geoparques Mundiais da UNESCO, incorporar medidas e contribuir para a implementação de estratégias de desenvolvimento territorial sustentáveis, de forma a minimizar os problemas e os desafios identificados com relação às alterações climáticas nos diferentes territórios geoparque e aspirantes.
Assim, o aspirante Geoparque Algarvensis elaborou um programa de atividades que no âmbito do Programa Biénio para a Ação Climática dos Geoparques Portuguese 2022/23, pretende alertar a comunidade em geral para a problemática das alterações climáticas e os seus diversos impactos nos ecossistemas e nas populações.
A expansão dos canaviais de Arundo donax, uma espécie invasora muito resistente e persistente, representa a principal ameaça à vegetação ribeirinha nativa, e tratando-se de uma espécie invasora que, especialmente nas ribeiras, merece a atenção de todos nós, não só pelo efeito de obstrução dos seus leitos, mas também porque ladeando as margens das ribeiras, ocupam o espaço das espécies ribeirinhas, assume-se desta forma numa forte ameaça a estes ecossistemas.
Neste sentido, e no âmbito do Programa Biénio para a Ação Climática dos Geoparques Portugueses 2022/23, o aspirante Geoparque Algarvensis, em parceria com o Município de Albufeira, e através do Centro Educativo do Cerro d'Ouro, em Paderne, realizou-se no passado dia 29 de Outubro, um Workshop "A Cana e as suas Utilidades", dando a conhecer as várias aplicações da cana, entre elas o caniço e a cestaria, onde os participantes tiveram a oportunidade de experimentar a construção de um pequeno caniço, divulgando desta forma algumas das utilidades que se pode dar à cana, no sentido de se tentar aumentar a procura e o interesse pela cana como matéria-prima para vários objetos de decoração, de utilidade, ou para a construção civil, potenciando-se por esta forma, uma maior recolha e limpeza dos canaviais junto das zonas ribeirinhas.
Uma atividade que pretende contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis: ODS 12 – Produção e Consumos Sustentáveis, ODS 13 – Ação Climática, e ODS 14 – Proteger a Vida Terrestre.
Já no dia 30 de Outubro, a proposta foi a realização de uma Caminhada no Percurso Pedestre PR4 ABF – Planalto do Escarpão, Uma História com Muitos Milhões de Anos - Um Mergulho no Mar jurássico, percurso que foi implementado no âmbito do projeto de visitação e interpretação do aspirante Geoparque Algarvensis, e que teve como objetivo transmitir aos participantes da caminhada as evidências geológicas encontradas no local, as quais contam pequenos parágrafos de alguns dos capítulos da história geológica da Terra, e que nos permite melhor entender os desafios que as alterações climáticas implicarão nas atuais gerações e futuras, tal como implicaram em toda biodiversidade ao longo das diferentes eras geológicas.
Ao longo da caminhada deu-se nota aos participantes do dinamismo geológico da Terra, com especial foco no Jurássico Superior, e como o mesmo tem afetado a biodiversidade terrestre ao longo de vários milhões de anos, estabelecendo um paralelismo entre os eventos geológicos que originaram as grandes extinções que definem as eras geológicas terrestres, e a atual passagem para o Antropoceno, (termo usado por alguns cientistas para descrever o período mais recente na história do Planeta Terra, quando as atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo no clima da Terra e no funcionamento dos seus ecossistemas), nomeadamente com as atuais alterações climáticas que a ação da humanidade estão a introduzir no meio ambiente pelo aumento da temperatura média do planeta, e que em regra, pela normal variabilidade da temperatura e quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, apenas são registadas em sequências de milhares de anos, mas que agora estão a serem registadas quase à escala das nossas vidas.
Um dos propósitos da caminhada foi também a recolha do lixo encontrado ao longo do percurso, deixando um forte alerta para as graves consequências que a poluição antrópica está a causar de uma forma global a toda a biodiversidade.